A Dialética da Vida


Galileu e Descartes descobriram que a condição natural dos corpos é o movimento e não o estado de repouso.

Diderot compreendeu que o indivíduo era condicionado por um movimento mais amplo, pelas mudanças da sociedade em que vivia. "Sou como sou" - escreveu ele - "porque foi preciso que eu me tornasse assim. Se mudarem o todo, necessariamente eu também serei modificado." E acrescentou: "O todo está sempre mudando.


O caráter instável, dinâmico e contraditório da condição humana foi corajosamente reconhecido por um pensador místico e conservador, Pascal.

Para Rousseau, os homens nasciam livres, a natureza lhes da a vida com liberdade, mas a organização da sociedade lhes tolhia o exercício da liberdade natural. Diz o autor "um pouco de agitação retempera as almas; e o que faz avançar a humanidade é menos a paz do que a liberdade".

D'Alembert amplia o conceito ao afirmar que "todos os seres circulam uns nos outros. Tudo é um fluxo perpétuo". Questiona o que é um ser? A soma de um certo número de tendências... E a vida? A vida é uma sucessão de ações e reações... Assim, conclui D'Alembert, "inascer, viver e passar é mudar de formas".

Kant percebeu que a consciência humana não se limita a registrar passivamente impressões provenientes do mundo exterior, que ela é sempre a consciência de um ser que interfere ativamente na realidade. Para Kant, a contradição não era apenas uma dimensão essencial na consciência do sujeito do conhecimento; era um princípio básico que não podia ser suprimido nem da consciência do sujeito nem da realidade objetiva.

Hegel concorda com Kant num ponto essencial: no reconhecimento de que o sujeito humano é essencialmente' ativo e está sempre interferindo na realidade. Mas, descobriu com amargura, que o homem transforma ativamente a realidade, mas quem impõe o ritmo e as condições dessa transformação ao sujeito é, em última análise, a realidade objetiva.

Hegel percebe que o trabalho é a mola que impulsiona o desenvolvimento humano; é no trabalho que o homem se produz a si mesmo; o trabalho é o núcleo a partir do qual podem ser compreendidas as formas complicadas da atividade criadora do sujeito humano.
Conclui Hegel dizendo que, se não fosse o trabalho, não existiria a relação sujeito-objeto. Portanto, o trabalho é conceito-chave, pois é simultaneamente a negação de uma determinada realidade, a conservação de algo de essencial que existe nessa realidade negada e a elevação dela a um nível superior.

Tratando do trabalho admite Marx, é a atividade pela qual o homem domina as forças naturais, humaniza a natureza; é a atividade pela qual o homem se cria a si mesmo. Entretanto, para Marx as condições criadas pela divisão do trabalho e pela propriedade privada introduziram um "estranhamento" entre o trabalhador e o trabalho, na medida em que o produto do trabalho, antes mesmo de o trabalho se realizar, pertence a outra pessoa que não o trabalhador.

Bora lá transformar o mundo?
Seu trabalho é a mudança que deseja!

Valdecir Martins
Fonte Leandro Konder 
O QUE É DIALÉTICA