“O mais triste de
um sorriso, é não saber sorrir.”
Mãe entrevistada na pesquisa.
O arcabouço metodológico
se constitui com o embasamento teórico de Minayo (2016, p.13) para quem, “o
objeto da pesquisa nas ciências sociais possui consciência histórica”, pois os
seres humanos são capazes de dar significado “a suas ações”. Igualmente, somos
capazes de “explicitar as intenções”, projetar e planejar o futuro. Em relação
dialética “vivenciamos a mesma época histórica (...), entre o que está dado e o
que será fruto de seu protagonismo”.
Deste modo, “nas Ciências
Sociais existe uma identidade entre sujeito e objeto”, visto que, “a visão de
mundo de ambos está implicada em todo o processo de conhecimento”. De tal modo,
que se trata de investigação qualitativa de construção do perfil das famílias,
a partir do banco de dados Rede de Informações Sociais (RIS). A interpretação
dos dados se efetivou pela Análise de Conteúdo, tendo como premissas que os
sujeitos da pesquisa não se reconhecem fortalecidas com os serviços ofertados
pelo CRAS-RCH. Aqui contextualizado e estudado a partir do capítulo um, tecendo
conceito de família e do capitulo dois, construindo perfil de família. Os dados
empíricos foram coletados da RIS e analisados a luz do referencial teórico do
Serviço Social e outras profissões afins.
Esta produção é fruto da
primeira análise da pesquisa “A Busca Pelo Fortalecimento Social Feminino:
Centro de Referência de Assistência Social, Região Centro Histórico de Santos”,
vinculada ao Programa de Pós-Graduação no Ensino em Ciências da Saúde - Campus
Baixada Santista. No percurso da pesquisa identificasse a incidência de mulher
com baixa escolaridade, sem qualificação profissional, desempregada ou com
subemprego, com dois ou três filhos e na faixa etária de 31 a 50 anos.
TECENDO CONCEITOS DE FAMÍLIA
Iniciamos com Gelinski e
Moser (2015, p.125) que se aproxima as definições de família das Políticas
Sociais assumidas pelo IBGE que afirma entender à família como um “conjunto de
pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de
convivência, todos residentes na mesma casa ou pessoa que mora só em uma
unidade domiciliar”, família como unidade doméstica. As autoras em menção,
analisando o Censo Demográfico de 2010 apontam “cinco elementos de mudanças nas
famílias brasileiras”: a) queda do tamanho da família – em 1960 eram 6,3 filhos
por mulher, em 2010 são 1,86; b) aumento da idade da população – em 1940 a
expectativa de vida era de 45,5 anos, em 2010 é 73,48 anos; c) o número de
casamentos vem se mantendo em 6,5% e o de divórcios vem aumentando – em 1999
era 1,2% e em 2010 passou para 1,52%; d) aumento do número de mulheres chefe de
família – 1985 estava em 18,2%, 2001 em 27,3% e em 2010 passou para 38,7%; e)
aumento do número de famílias unipessoais – em 2000 eram 8,6% e em 2010 passou
para 12.1%.
Nestes
dados extraídos do texto de Gelinski e Mose percebe-se
que a família contemporânea possui menos filhos, está ficando mais velha, se
reconfigurando mais aceleradamente, ficando as mulheres como única responsável
do lar e dos filhos e, os idosos estão morando sozinhos.
Para tecer um conceito de família, recorremos Neder
(2002, p.28) que nos diz que não há um modelo padrão, nem uma família regular,
pois sim, devemos “pensar as famílias de forma plural” em uma “construção
democrática baseada na tolerância com as diferenças”. Nesta esteira Sarti
(2007, p.25) nos diz que “a família contemporânea comporta uma enorme
elasticidade”. Chaves (2006, p.47) nos apresenta a família como membros que
“estão unidos entre si por laços legais, [de] direitos e obrigações..., e uma
quantidade variada e diversificada de sentimentos psicológicos, tais como amor,
afeto, respeito e medo”. Para Chaves (p.51) o conceito de família transcende
para além de uma unidade econômica, lugar de “prisão para os indivíduos”, para
um “lugar de refúgio onde se escapa dos olhares de fora, lugar de afetividade
onde se estabelecem relações de sentimentos entre o casal e os filhos, lugar de
atenção à infância”.
Conforme Perucchi &
Beirão (2007, p.59) em uma perspectiva de compreender o olhar das mulheres
sobre a paternidade, família e gênero, ressaltam que as relações
intrafamiliares são “construções que se processam em campos sociais marcados
por relações de afeto e de poder”, visto que, “o modelo pai/provedor” já foi
superado, “enquanto que o modelo pai/autoridade” ainda aparece no relato de
mulheres chefes de família. Sendo que, a maior parte destas mulheres “se
reconhece desempenhando funções paternas e maternas”, mantendo a organização
familiar por gênero, mesmo na ausência do masculino. Portanto, “o pai continua
a ocupar, nessas concepções, um lugar de respeito e de autoridade sobre a
família”.
Em estudo sobre
maternidade e gênero Scavone (2001, p.48), refere que “o consumo crescente das
novas tecnologias reprodutivas (contraceptivas e conceptivas) que ofereceram às
mulheres, da década de sessenta em diante a possibilidade de escolher com maior
segurança a realização da maternidade”, o que entendemos ainda não ter chegado
às classes empobrecidas.
Para Scavone (p.49) a
maternidade foi relacionada a fecundidade da terra nas áreas rurais, a
feminilidade na sociedade moderna e a opressão das mulheres pelas feministas
radicais, chegando a propor a não maternidade como forma de libertação.
Posteriormente passou a ser considerada como instrumento de poder, construtora
da identidade feminina e o controle da maternidade buscando que as mulheres
chegassem a uma posição de escolha reflexiva. Uma questão importante a ser
destacada é que nos países de terceiro mundo, como no Brasil, “a esterilização
se tornou a solução das mulheres (...) para optarem pela não maternidade”.
Em se tratando de
famílias pobres, foco do estudo, buscamos autores como Fonseca (2002, p.14) –
em pesquisa etnográfica em bairros populares de Porto Alegre – que, encontrou o
fenômeno da circulação de crianças, frente às dificuldades das mães em cuidar e
educar seus filhos. Informa Fonseca que o estudo em uma Vila, “revelou que mais
da metade das mães (com 20 anos ou mais) tinha em algum momento dado um de seus
filhos para criação” e citando outros estudos, refere que “um número
surpreendente de famílias urbanas de baixa renda abriga algum tipo de filho de
criação” e nos contatos com os circulantes já adultos, afirma que “falam com
tranquilidade, aparentemente sem complexos, de suas idas e vindas entre um lar
e outro”. Para Fonseca (p.21) “o que se constata é um enorme leque de práticas
de organização domésticas e social” e “a circulação de crianças entre
diferentes mães de criação que faz historicamente parte da dinâmica familiar
destes grupos”.
Em pesquisas relacionadas
às famílias com interface com o Sistema de Justiça encontramos Fávero (2001) e
Fávero et al, (2008) a predominância das famílias monoparentais chefiadas por
mulheres, a ausência das Políticas Sociais como suporte as condições
socioeconômicas e a intervenção judicial. Tratamos aqui destas famílias porque
possuem o perfil de riscos da intervenção do Estado, porque são sujeitos da
oferta de serviços e programas no CRAS e porque estas mulheres sofrem a ação
interventiva do Estado.
Fávero (2001, p.75)
traçando o perfil das famílias foco de sua pesquisa, famílias submetidas a
processos de destituição do poder familiar, as descreve como,
...pessoas
solteiras, mulheres sós, com arranjos familiares transitórios ou instáveis, sem
trabalho ou com trabalho precário, com baixa ou nenhuma renda, instalam se em
moradias com poucas condições de habitabilidade ou provisórias (...), a luta
pela sobrevivência percorre o seu dia a dia, e não apenas no que se refere às
condições materiais, mas também às afetivas. Fávero (2001, p.75)
Continuando com Fávero et
al (2008, p.15) na pesquisa com famílias que possuem um de seus filhos em
Acolhimento Institucional na Cidade de São Paulo, aponta para um redesenho do
perfil da família e encontra “a solidariedade familiar intergeracional” como
suporte ao enfrentamento aos agravos da vida cotidiana. Ressalta-se que as
conquistas das mulheres com a inserção no mercado de trabalho, os
contraceptivos, o exame de DNA, as tecnologias reprodutivas, o divórcio,
re-casamento, tal como, as novas representações do feminino e do masculino, “as
formas de expressão da sexualidade, dos afetos”, provocaram mudanças na configuração
da família contemporânea.
Na continuidade do
exercício de tecer um referencial de família para iluminar o caminho que se
pretender percorrer ao encontro das mulheres que, constituímos interlocutora
deste estudo, Sarti (2007, p.28) constitui fonte importante na diferenciação
que faz de unidade doméstica (casa) e família, sendo família “a rede de
relações na qual se movem os sujeitos (...) e que provê os recursos materiais e
afetivos”.
Segundo a autora, no referencial simbólico das famílias pobres, “a casa é
identificada com a mulher, e a família com o homem”. Cabendo a mulher “manter a
unidade do grupo. Ela é que cuida de todos e zela para que tudo esteja em seu
lugar”. Logo, o feminino está submetido a vulnerabilidade “em ter sua relação
com o mundo externo mediada pelo homem”. Contudo, foge desta relação vulnerável
quando assume também o papel de provedora/chefe de família.
Para Sarti (2007, p.33), amparada por Fonseca (2002), constitui-se o conceito de famílias enredadas, onde
“criar ou dar uma criança (...), dentro do padrão de relações que os pobres
desenvolvem entre si, caracterizadas por dar, receber e retribuir contínuos”,
como “a extensão da família corresponde à da rede de obrigações: são da família
aqueles com quem se pode contar, quer dizer, aqueles em quem se pode confiar”.
Para Antonio (2013, p.13), tratando da
relação socioafetiva no “processo de estar com o outro, permeado por
afetividade”. Logo, para mulher estar em atendimento no CRAS é lidar com a
frustração da exclusão do acesso aos bem produzidos socialmente, é estar frente
aos agravos da vida imposto pelas vulnerabilidades, riscos e violações que
assola o cotidiano pela luta em reproduzir a vida. Nesta dialética pela vida,
Sawaia (2007, p.46) referindo-se as mulheres aponta que “o seu principal
sofrimento (...) é gerado pelo sentimento de incompetência para proteger os
seus”.
Portanto, as mulheres são fonte empírica,
interlocutora importante neste estudo, referência familiar para o CRAS-RCH,
inserida em uma família plural e circulante em que a figura masculina mesmo
ausente ainda representa a autoridade. Reconhecesse a família constituída de
forma intergeracional, por laços de afinidades e afetivos, possuidora de
elasticidade em uma condição de rede, lugar de afetividades, igualmente, se
torna a família vivida, família que sofre, visto que, cada família é uma
família em sua singularidade, não existe um modelo padrão.
CONSTRUINDO PERFIL DE
FAMÍLIA
A coleta de dados no
banco do Rede de Informações Sociais - prontuário eletrônico usado pelos
profissionais do CRAS-RCH -, teve por base, a listagem de usuários do Benefício
de Prestação Continuada (BPC) deficiente, elaborada pela Coordenadoria municipal
de Gestão do Sistema Único de Assistência Social (COGESUAS) e enviada
semestralmente ao CRAS-RCH. Desta forma, partiu-se da listagem de julho de
2017, devido a estas registrarem famílias que possuem Cadúnico e as que não
possuem. Em posse desta informação, deu-se prosseguimento a coleta de dados,
objetivando a elaboração do perfil das famílias.
Conforme dados da COGESUAS
(2017) a Cidade de Santos possui 1.986 famílias que recebem o BPC-deficiente,
das quais 517 residem no território do CRAS-RCH e referenciadas ao Serviço.
Destas, 263 (50,9%) possuem Cadúnico e 254 (49,1%) não possuem. O estudo se
restringe aos 50,9% das famílias que possuem cadastro.
Acessando a RIS chegou-se
as seguintes informações de perfil da pessoa que recebe o BPC-deficiente:
quanto ao sexo, o universo masculino se constitui por 52,5% e o feminino fica
em 47,5%. Em relação a idade 22,4% de idosos acima de 60 anos, 48,6% são
adultos entre 25 e 59 anos, os jovens são 9,0% com idade entre 18 e 24 anos;
7,1% de adolescentes entre 13 e 17 anos e as crianças menores de 12 anos
representam 12,9%.
Referente à cor da pele
que consta do cadastro RIS, os beneficiários do BPC se dividem em 45,1% de pele
branca, 47,1% de pele parda, apenas 7,1% se declaram de pele negra, 0,4%
indígena e não informado 0,4%. Apenas
9,9% estão em acompanhamento técnico do PAIF e possuem registro de atendimentos
com técnicos de nível superior no CRAS-RCH.
Diante os dados acima, o
universo da pesquisa se constituiu por 60 famílias beneficiárias do BPC-
deficiente, isto é 20% do total, visto que possuem filhos - beneficiários -
entre 2 e 18 anos. Destas, foram descartados 15 (21,1%) famílias, devido a que
5,3% dos casos não constava a mãe no cadastro da RIS, em outros 7,0% não se
registrava a deficiência na RIS. Quanto a moradia 8,8% das famílias moravam em
outros bairros, não pertencentes ao território do CRAS-RCH. Estes dados nos
remetem a uma falha de preenchimento das informações no ato de efetivação e/ou
atualização do cadastro, mostrando 21,1% de informações inconsistentes.
Finalmente, estabelecemos que serão 45 famílias as pesquisadas o que significa 17,1%
do total de famílias que recebem o BPC e possuem Cadúnico referenciado ao CRAS.
Constatou-se que o perfil dos filhos, quanto
ao sexo, o universo masculino se constitui de 66,7% e o feminino ficam em
33,3%. Em relação a idade 66,7% são crianças entre 2 e 12 anos – não havia
crianças menores de dois anos –, os adolescentes constituem 33,3% na idade
entre 13 e 18 anos.
Referente a cor da pele
que consta do cadastro RIS, dividisse em 48,9% de pele branca, 48,9% de pele parda,
2,2% de pele preta e 0,0% de pele amarela ou indígena. Quanto as informações
sobre o pai, constam majoritariamente dados destes em 91,1% e não constam a
diferença de 8,9%.
Em relação ao tipo de
deficiência, separou-se em: deficiência física 22,2%, mental ou intelectual
40,0%, doença mental 8,9%, deficiência física, mental ou intelectual 6,7%,
surdez severa e profunda 6,7%, síndrome de Down 3,3% e surdez, física, mental
ou intelectual fica em 2,2%.
Na continuidade da coleta
de dados, buscamos as informações do local e condições de residência, onde se
apresenta uma predominância das residentes na Região Central e Vila Mathias com
53,5% das famílias. Em relação à condição de habitação há 31,1% que residem de
aluguel e 26,7% dos casos foi anotado possuir acessibilidade.
Bairros de Moradia
|
Tipo de Residência
|
|||||
Campo
Grande
|
2
|
4,4%
|
Própria
|
7
|
15,6%
|
|
Caruara
|
2
|
4,4%
|
Alugado
|
14
|
31,1%
|
|
Centro
|
1
|
2,2%
|
Cedido
|
3
|
6,7%
|
|
Jabaquara
|
1
|
2,2%
|
Dado não informado
|
21
|
46,7%
|
|
José
Menino
|
2
|
4,4%
|
Tipo de medidor de energia
|
|||
Marape
|
5
|
11,1%
|
Próprio
|
23
|
51,1%
|
|
Monte
Serrat
|
2
|
4,4%
|
Comunitário
|
17
|
37,8%
|
|
Morro do
José Menino
|
6
|
13,3%
|
Sem Medidor
|
2
|
4,4%
|
|
Paqueta
|
3
|
6,7%
|
Não informado
|
3
|
6,7%
|
|
Vila
Nova
|
7
|
15,6%
|
Local de moradia tem acessibilidade
|
|||
Vila
Mathias
|
13
|
28,9%
|
Dado não informado
|
33
|
73,3%
|
|
Vila
Belmiro
|
1
|
2,2%
|
Acessibilidade
|
12
|
26,7%
|
|
Quadro 01 - Dados de Moradia. Fonte RIS julho/17. De elaboração
própria.
|
Nas informações da
composição familiar fica constatado a predominância da composição familiar de 3
a 5 integrantes em 66,6% da amostra. Quanto a quantidade de filhos em 64,4% dos
casos a família é constituída de 2 ou 3 filhos. Já em apenas 35,6% das famílias
há a declaração da presença de um companheiro/esposo/marido.
Quantidade de filhos por família
|
Quantidade de Pessoas por Família
|
|||||
1 Filho
|
7
|
15,6%
|
02 Pessoas
|
6
|
13,3%
|
|
2 filhos
|
18
|
40,0%
|
3 Pessoas
|
10
|
22,2%
|
|
3 filhos
|
11
|
24,4%
|
4 Pessoas
|
9
|
20,0%
|
|
4 filhos
|
6
|
13,3%
|
5 Pessoas
|
11
|
24,4%
|
|
5 filhos
|
2
|
4,4%
|
6 Pessoas
|
6
|
13,3%
|
|
9 filhos
|
1
|
2,2%
|
7 Pessoas
|
1
|
2,2%
|
|
Presença do Companheiro na Família
|
8 Pessoas
|
1
|
2,2%
|
|||
Com Companheiro
|
16
|
35,6%
|
10 Pessoas
|
1
|
2,2%
|
|
Sem Companheiro
|
29
|
64,4%
|
||||
Quadro 02 - Composição familiar. Fonte RIS julho/17. De elaboração
própria.
|
Nos dados acima (quadro
02), nos chama a atenção 64,4% de famílias em que não há presença de um
companheiro, denotando se tratar de famílias chefiadas por mulheres. Para
Gelinski e Moser (2015, p.125) ao analisar o Censo Demográfico de 2010 apontam
que “em 1985 eram 18,2%, em 2001 27,3% e em 2010 passou para 38,7%”, nesta
amostra em relação a mulher/mãe de crianças deficientes, vivendo no território
do CRAS-RCH, são 64,4%.
Dando continuidade à
análise, no quadro 03, informações sobre Estado de origem da mulher são
registrados, de modo que a faixa etária e estado civil estão presentes.
Observa-se que 60% das mulheres se declaram solteiras, há predominância da
faixa etária entre 31 a 50 anos, sendo 46,7% entre 31 e 40 anos e 33,3% entre
41 e 50 anos. Quanto ao Estado de origem temos 55,6% do estado de São Paulo e
31% da região nordeste.
Estado de Origem da Mulher
|
Idade da Mulher
|
|||||
Alagoas
|
3
|
6,7%
|
18 a 24
|
1
|
2,2%
|
|
Bahia
|
4
|
8,9%
|
25 a 30
|
3
|
6,7%
|
|
Ceará
|
2
|
4,4%
|
31 a 40
|
21
|
46,7%
|
|
Maranhão
|
1
|
2,2%
|
41 a 50
|
15
|
33,3%
|
|
Minas Gerais
|
1
|
2,2%
|
51 a 60
|
5
|
11,1%
|
|
Pará
|
1
|
2,2%
|
Estado Civil
|
|||
Paraná
|
3
|
6,7%
|
Casada
|
5
|
11,1%
|
|
Pernambuco
|
2
|
4,4%
|
Divorciada
|
2
|
4,4%
|
|
Rio de Janeiro
|
1
|
2,2%
|
Solteira
|
27
|
60,0%
|
|
São Paulo
|
25
|
55,6%
|
União Estável
|
7
|
15,6%
|
|
Sergipe
|
2
|
4,4%
|
Dado não informado
|
4
|
8,9%
|
|
Quadro 03 - Origem, idade e estado civil. Fonte RIS, julho/17. De
elaboração própria.
|
Em relação à cor da pele,
no quadro 04, há uma predominância das declarações em 53,3% de pele parda,
seguida da pele branca em 37,8%. Quanto à formação escolar apenas uma mulher é
analfabeta, o que representa na amostra 2,2%. Também há 6,7% das mulheres
estudando, o que perfaz o total de três mulheres. Há 42,2% das mulheres no Ensino Médio. Entretanto,
na busca por estes dados, observou-se que a localidade da escola de formação
era a mesma para grande maioria dos casos e não conseguimos precisar se está
falha (do sistema RIS) também afetou o grau de formação, mas feita está
ressalva, decidiu-se pela utilização dos dados, sabendo tratar-se de uma
amostra que carece de melhor aprofundamento.
Corda Pele Mulher
|
Qual a Escolaridade da Mulher
|
|||||
Branca
|
17
|
37,8%
|
Fund. 1º Ciclo
|
10
|
22,2%
|
|
Parda
|
24
|
53,3%
|
Fund. 2º Ciclo
|
11
|
24,4%
|
|
Preta
|
3
|
6,7%
|
Ensino Médio
|
19
|
42,2%
|
|
Amarela
|
1
|
2,2%
|
EJA
|
5
|
11,1%
|
|
A mulher Sabe Ler e Escrever
|
A mulher Frequenta Escola
|
|||||
Sim
|
44
|
97,8%
|
Sim
|
3
|
6,7%
|
|
Não
|
1
|
2,2%
|
Não
|
42
|
93,3%
|
|
Quadro 04 - Cor da pele e escolaridade. Fonte RIS, julho/17. De
elaboração própria.
|
Quanto ao quadro 05 que
trata das informações de profissão trabalho e renda, há uma parcela
significativa de dados inconsistentes pelo não preenchimentos de itens do banco
de dados RIS que foram registrados em 53,3% em relação a representação dos
gastos do BPC, em 33,3% na representação da renda da mulher, em 88,9% da não informação
se a mulher tem profissão e em 71% da não informação do trabalho principal da
mulher. Desta forma, para que o estudo não ficar prejudicado, opinou-se pela
inclusão no quadro dos itens mencionados como inconsistência dos dados e dado
não informado.
A mulher Tem Profissão
|
Qual o Trabalho Principal da mulher
|
|||||
Não informado
|
40
|
88,9%
|
Carteira Assinada
|
1
|
2,2%
|
|
Não tem
|
5
|
11,1%
|
Por conta Própria
|
2
|
4,4%
|
|
Informal
|
9
|
20,0%
|
||||
Quanto o BPC representa dos gastos
|
Doméstico
|
1
|
2,2%
|
|||
Inconsistentes dos dados
|
24
|
53,3%
|
Dado não informado
|
32
|
71%
|
|
Dados consistentes
|
21
|
46,7%
|
Quanto representa a renda da Mulher
|
|||
Representa 1% a 33%
|
0
|
0,0%
|
Inconsistência de dados
|
15
|
33,3%
|
|
Representa 34% a 66%
|
4
|
19,0%
|
Representa 0%
|
15
|
50,0%
|
|
Representa 67% a 100%
|
6
|
28,6%
|
Representa 1% a 33%
|
12
|
40,0%
|
|
Representa mais de 100%
|
11
|
52,4%
|
Representa 34% a 66%
|
3
|
10,0%
|
|
Quadro 05 - Profissão, trabalho e renda. Fonte RIS, julho/17. De
elaboração própria.
|
Concluindo a análise deste quinta e último quadro, observamos que em 81% dos casos a renda do BPC representa entre 67% e 100% das despesas da família, e em 28,6% dos casos representa entre 67% e 99% e em 52,4% representam 100% dos gastos, tornando-se o BPC a renda principal da família, o que se aproxima dos 60% de mulheres solteiras e dos 64,4% de mulheres vivendo sem companheiro. O dado de representação da renda da mulher em relação a renda familiar, também aponta para esta realidade, pois, em 50% dos casos representa 0% e em 40% representa entre 1% e 33% da renda. Sendo que 20% - dos dados informados -, a renda da mulher e proveniente do mercado informal de trabalho, pois, temos apenas uma (2,2%) mulher que declarou estar trabalhando registrada em carteira de trabalho.
CONCLUSÃO
Registrado os avanços da
pesquisa supramencionada na página inicial, por se tratar da análise de alguns
dados relevantes encontrados na pesquisa que ora socializamos. Desta forma,
citamos trecho de duas das entrevistas que retratam as nossas afirmações: “o
Cras, [atende] o problema social familiar. Como é que está sua vida, se tem
emprego, se não tem..., o que o CRAS pode ajudar..., o Cras é isso né? (...) e
sempre tem os limites...” (entrevista quatro) e quando se diz: “as mulheres, se
não tiver estudo elas, tende a ter uma maior dificuldade e como elas são
ligadas mais a casa, a família, elas não têm assim muito acesso” (entrevista
nove).
Constatou-se na coleta de dados, o não
preenchimento na RIS de itens específicos e importantes para a compreensão da
realidade em estudo. Para exemplificar no quadro 01, está em 73,3% o dado não
informado se há acessibilidade na residência e em 46,7% dos casos não há informações
sobre o tipo de moradia.
Finalmente, chama-nos a
atenção a ausência destas informações importantes na RIS e a inconsistência de
outros dados. Contudo, constata-se o perfil de uma mulher desempregada, com
baixa formação escolar e ausência de formação profissional, predominantemente
paulista, parda e branca, na faixa etária entre 31 e 50 anos, com dois ou três
filhos, sendo um deficiente, não sabemos se sua residência é própria, alugada
ou cedida e se possui acessibilidade.
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